Psilocybe Cubensis: Uma Jornada Pelas Características Botânicas
Ultimamente, tem crescido o interesse de acadêmicos e cientistas no uso de Psilocybe cubensis (cogumelo) para efeitos terapêuticos. Isso só complementa o que já se sabe sobre o alcalóide: seu uso histórico e sagrado em comunidades ao redor do mundo.
Estes cogumelos são conhecidos por sua presença em cerimônias e rituais religiosos para fortalecer a conexão com o divino e o autoconhecimento.
Outro ponto importante é que todo o contexto ritualístico é preparado, com reverência e cuidados específicos, para tornar a experiência religiosa e devocional deste cogumelo de maneira eficiente e segura.
Além do aspecto sagrado, há o valor terapêutico, que tem sido objeto de pesquisas diversas nos últimos tempos. É importante estar atento a essas discussões para entender melhor esse cogumelo.
Entenda melhor sobre isso com este conteúdo!
O que é o Psilocybe cubensis?
Cogumelos neurotrópicos do gênero Psilocybe cubensis apresentam em sua estrutura química a presença de neurotransmissores próximos à serotonina, especificamente o 5-HT e 5-hidroxitriptamina.
Em estudo publicado na International Journal of Medicinal Mushrooms, pesquisadores identificaram a presença destes princípios ativos em 21 espécies de cogumelos neurotrópicos presentes no Brasil.
Vale ressaltar, também, que a utilização ritualística e cerimonial destes cogumelos datam de milênios, sobretudo, na região do México. Em estudos arqueológicos, pesquisadores identificaram esculturas e registros de práticas ritualísticas na Mesoamérica.
Qual a origem do Psilocybe cubensis?
Estima-se que o cogumelo foi documentado, inicialmente, em comunidades Maias e Astecas — na região de Cuba. Por isso, seu nome é cubensis.
Nasce naturalmente em esterco de gado. Seu uso data de milênios atrás, em comunidades Astecas, Mazatecas e Maias. Entre os astecas, o nome desse componente era Teonanácatl (que significa Carne dos Deuses).
Os eventos sagrados dos Astecas apresentavam os cogumelos em complemento com mel ou chocolate, com objetivos espirituais e cerimoniais de reconexão com o divino.
Entre os Mazatecas, eram até considerados seres sagrados em si. Se falava em deuses cogumelos, por exemplo, com templos construídos e uma enorme reverência em torno dos elementos.
No século XX, começou o interesse da ciência em estudar o uso e a aplicação de cogumelo cubensis para o bem-estar e para controle de quadros de transtornos psiquiátricos. Nesse quesito, se destacam duas pessoas muito importantes: Robert Gordon Wasson e Maria Sabina.
Wasson foi um acadêmico que, depois de um contato com cogumelos na sua lua-de-mel, passou a estudar o assunto e a viajar para o México, a fim de entender ainda mais o uso cerimonial do psilocybe cubensis.
Já Maria Sabina, curandeira e xamã Mazateca bastante conhecida no México, teve contato com cogumelos desde sua infância. Ficou bastante reconhecida por uma cerimônia com cogumelos para comunhão com o divino e cura de doenças.
A partir do trabalho e da influência deles, as pessoas descobriram, ainda mais, os efeitos desses cogumelos.
Quais as características botânicas do Psilocybe Cubensis?
Estes cogumelos contam com estruturas e elementos específicos de identificação, como coloração, tamanho e forma. Confira abaixo as características botânicas do Psilocybe cubensis.
- Tamanho e Forma: geralmente têm um chapéu de forma convexa que se achatam com o tempo. O diâmetro do chapéu pode variar de alguns centímetros a mais de 10 centímetros.
- Cor: cor do chapéu varia de creme a marrom ou marrom-escuro, muitas vezes com tons mais claros na borda. O estipe (haste) é geralmente mais claro, frequentemente amarelado.
- Lâminas: lâminas que ficam sob o chapéu. Essas lâminas são de cor branca a lilás-escura e se estendem do estipe até a borda do chapéu.
- Esporos: de cor púrpura escura a quase preta e têm uma forma elíptica.
- Anel: possuem um anel parcial, uma membrana fina que conecta o estipe ao chapéu. Esse anel pode ser de cor branca e é uma característica notável.
Quais os principais habitats onde se encontram os cogumelos Psilocybe cubensis?
Confira os principais habitats do cogumelo cubensis.
Depósitos de Esterco
Dado sua relação simbiótica com o esterco de gado, é comum localizar este cogumelo neste habitat.
Pastagens
As pastagens utilizadas por gado também podem desenvolver o Psilocybe cubensis.
Jardins
Os jardins, quando mantidos com compostagem e processos de cultivo, também representam um ótimo local para o surgimento do cogumelo cubensis.
Florestas
Tendo em vista ser nativo de regiões tropicais e subtropicais, este cogumelo também pode ser identificado em habitat natural em florestas.
Quais as condições ideais para o crescimento do Psilocybe Cubensis?
Assim como qualquer outra espécie, as condições ideais para para o crescimento e desenvolvimento deste cogumelo são relativas à temperatura, substrato, umidade, luz e ventilação, de modo que o ciclo de vida ocorra.
- temperatura entre 24°C e 28°C, apesar de algumas variações de cepa apresentarem resistência a ambientes mais quentes
- umidade: o Psilocybe cubensis desenvolve-se em ambientes com taxas de umidade acima de 90%
- luz: apresentam comportamento fototrópico negativo, o que implica que a luz indireta é suficiente para o desenvolvimento
- ventilação: em habitat natural a circulação contínua de ar permite a dispersão esporo, evitando-se assim a contaminação por fungos indesejados
Variações do Psilocybe cubensis
Vamos comentar, agora, os principais tipos de cogumelo cubensis.
Psilocybe cubensis - Albino (TAT)
É conhecido pela sua aparência esbranquiçada e pela taxa mais alta de germinação. Foi descoberto por Jik Fibs, depois de fazer explorações com cogumelos do tipo Golden Teacher.
Psilocybe cubensis – Equador
O nome é dado por conta de sua origem, ou seja, nasce no Equador. Fora isso, é conhecido pelo seu chapéu em formato de pá (spade-shaped) — possui um caule longo e grosso, com uma taxa média de crescimento e um tamanho grande.
Psilocybe cubensis – Camboja
Deriva do Camboja. Estima-se que foram descobertos por John Allen, em uma de suas explorações ao redor do Angkor Wat, um templo do Camboja.
Outra característica é o tamanho médio e uma taxa rápida de crescimento.
Quais as Tribos e Culturas Tradicionais que Utilizam o Psilocybe Cubensis?
O Psilocybe cubensis, reconhecidamente, participou e participa das práticas ritualísticas e devocionais de inúmeros agrupamentos, sobretudo, no continente Americano.
As práticas de adoração são localizadas em diversas culturas nativas das Américas, como os Maias, Astecas,as tribos amazônicas Shipibo-Conibo, os Ashaninka e os Yawanawa.
Qual a importância cultural e simbólica do Psilocybe Cubensis?
O Psilocybe cubensis participa de inúmeras culturas milenares como elementos de conexão com o divino e representação das cosmovisões de povos originários. Por este aspecto, está associado à devoção e à mitologias de criação e operação da vida para diversos agrupamentos humanos.
Desse modo, integra um conjunto de atividades que têm por objetivo simbolizar, dar sentido e significado à realidade. Assim como outras estratégias de entendimento de mundo, o Psilocybe cubensis atua como instrumento e mecanismo ritualístico e devocional.
Ou seja, seu simbolismo se encontra na própria maneira que sociedades e povos originários compreendiam a realidade em seus âmbitos mitológicos, ritualísticos, devocionais, medicinais, de socialização e constituição de culturas.
Conclusão
Neste artigo exclusivo da Natureza Divina você aprendeu sobre o Psilocybe cubensis, um cogumelo do tipo neurotrópico utilizado há milênios pelos seres humanos, tanto com objetivo medicinal quanto ritualístico.
Como vimos ao longo do artigo, este cogumelo apresenta a psilocibina e psilocina como princípio ativo. Substância que se comporta de maneira semelhante a serotonina, com neurotransmissores do tipo 5-HT2A.